sábado, dezembro 31, 2005

Feliz 2006

Olá a todas! Passei por cá para vos desejar um bom ano e que entrem nele com o pé direito! Que todos os vossos desejos se realizem e que este que está a entrar seja ainda melhor que o que está a terminar. Beijos a todas e... até para o ano!

Adenda: Uma vez que a Sofia e a Natacha me vêem fazer uma visita na próxima 2ª feira, apesar de já ter o quarto do Diogo montado, limpo, organizado e L i n d o(! para mim pelo menos e é o que interessa), apenas colocarei fotos do mesmo após esse dia. Espero que me dêem a vossa opinião, boa ou má! Beijocas!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Ooooops!


Mónica, agradeço o teu comentário e ajuda futura! Mas esqueceste-te de deixar contacto... Se entretanto cá voltares, por favor, deixa-me contacto teu ou se puderes envia-me um mail para: darkfideal@hotmail.com

Obrigada, Carina.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Nova Ausência

Olá a todas! Lamento a ausência em todos os cantinhos que ainda não visitei após o Natal, mas eu e o R. andamos atarefados com o quarto do Diogo. Começámos a pintar hoje e temos de terminar amanhã, pois 5ª feira vêem entregar o quarto dele e depois disso ainda há muito que fazer! Prometo que, depois de tudo organizado, voltarei a visitar os vossos cantinhos! Depois coloco fotos do quarto, antes e depois de arranjado. Beijos a todas e obrigada pelas palavras de apoio que me têm dado!

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Natal de pernas para o ar

Quem me conhece, automaticamente diz: "Tem condição financeira. E mesmo que não tenha, os pais têm dinheiro, não há problema." - Enganam-se.
Ora reparem na hipocrisia deste Natal com alguma antecedência:
Pai (o meu): O menino precisa de alguma coisa? Vê lá que nós compramos!
Eu: Precisa de um marsupial, de um ninho...
Pai: Ah, eu ofereço! Custa por volta de 40eur o marsupial não é? Eu compro!
Entretanto o tempo passa e eu necessito do marsupial.
Eu: Pai, preciso do marsupial para 2ª feira. O R. não está cá e vou com o bebé ao Centro de Saúde.
Pai: Ah, nós depois vemos isso, logo se vê!
Eu: Vou comprar o marsupial. É para a-m-a-n-h-ã que preciso do marsupial e até agora não o compraste nem me chamaste para ver de algum. Depois se quiseres "comparticipar" no valor ou pagá-lo, avisa.
Pai: Ah, aqui a P. (cabeleireira ao lado da imobiliária da minha madrasta) tem um marsupial para te emprestar, era do filho dela (o filho tem 10 - DEZ - anos)...
Eu: Aaaaahhhh! Então era esse o marsupial que ias comprar ao teu neto? Algo em 2ª mão com dez anos em cima? Achas que isso tem segurança?! Deixa que eu compro algo em condições para o bebé.

E aqui está uma, outra:
Pai: O menino precisa de alguma coisa? Diz lá que a gente compra!
Eu: Precisa de uma espreguiçadeira, do quarto, da cadeira de refeição...
Pai: E roupa, não?
Eu: ... Não pai, ele até já tem roupa que vocês compram enormes que não vai usar. Ele não tem falta de roupa.
Pai: Olha! Compraste o ninho! Andámos a ver disso para o bebé!
Eu: Ver e comprar são coisas diferentes pai. Lá por vocês verem um ninho, não o vestem automaticamente por isso.
Pai: Tu nunca dizes o que faz falta ao bebé!
Eu: ...
E continua:
Pai: Faz falta alguma coisa ao menino?
Eu: ... Porque queres saber? Para saberes o que evitar comprar e entafulhar o miúdo em roupa desnecessária?!
Pai: Vá, diz lá o que faz falta ao menino.
Eu: Uma espreguiçadeira, a cadeira de refeição, brinquedos, o quarto...
Pai: Hmmm, espera pelo Natal! No Natal logo se vê!
(E pouco antes de chegar o Natal...)
Pai: Olha! Comprámos uma prenda linda para o meu (?!) menino! Mas não digo o que é! Mas é tão bonito!
(Eu nem respondo e ponho-me a rir. Deixo o meu pai sair e comento com o R.)
Eu: Bem, o meu pai no outro dia ligou-me a dizer que estava numa ouriversaria... porque será que tenho a impressão que o miúdo vai receber uma pulseira super larga? Sem contar que não gosto de ver bebés com pulseiras e anéis, mas pronto...
R.: Achas?! (e ri-se)
Eu: Acho pois! E queres apostar que a prenda "linda e bonita" que o meu pai falou é mais uma peça de roupa para daqui a 6 meses, que não serve ao miúdo e que quando servir já vai ser Verão, logo ele nunca vai utilizar?
R.: Olha que se calhar não é isso... (ri-se novamente)
Eu: Vamos ver!

Resultado? As prendas do Diogo da parte dos meus pais foram...:
1 pulseira de ouro (lol...)
1 fato de inverno muito quente para... 6 meses! (LOL... lembro que o Diogo faz 6 meses em M-a-r-ç-o)
Tcharãmm!!!!!
Podem estar a achar-me mal agradecida, ou pretenciosa, mas tendo em conta que eu estou desempregada e o R. não recebe assim tanto, tendo em conta que não temos forma de gastar dinheiro em cadeiras de refeições e quartos e espreguiçadeiras (o quarto já o comprei, que remédio, a renda de Janeiro logo se vê...), quando supostamente alguém vive bem, me pergunta o que faz falta ao bebé e tudo o que faz é comprar coisas desnecessárias na tentativa de mostrar aos outros algo do género: "Oh para o meu neto! Tão bonito com o fatinho que EU dei e com uma pulseira linda que EU dei!" - fogo de vista, apenas. Revoltam-me os "Logo se vê's" e os "Espera pelo Natal" do meu pai, onde suspendo a minha vida em função daquilo que nunca vem. Revolta-me fiar na palavra das pessoas que dizem que oferecem isto e aquilo, ficando eu a fazer contas de cabeça naquilo que estou a poupar e no que posso comprar para ele tendo em conta essa mesma poupança, e quando vou a ver, já gastei devido a essa poupança fictícia e depois ainda tenho de gastar naquilo que dizem comprar e não compram. Revolta-me ver a hipocrisia de se acharem pessoas de bem, com dinheiro e tal e coiso, falarem mal de quem não tem dinheiro e depois serem tão agarrados que nem o neto ajudam. Ora... precisa de uma pulseira o miúdo? Faziam melhor figura se poupassem o dinheiro que gastam em roupa e em pulseiras e o aplicassem em algo que realmente faz falta ao miúdo. Porque eu posso comprar roupa ao bebé, mas não posso comprar os "grandes" pois são caros para o meu bolso. Revolta-me que falem dos pais do R. por serem assim ou assado quando estes com o pouco que têm, conseguem ajudar-nos mais do que eles, que se dizem cheios de papel e "Oh p'ra mim que tenho um BMW dos novos". Irrita-me, revolta-me.
Eu borrava a minha cara de merda se tivesse a condição financeira dos meus pais, e fizesse a mesma figura que eles estão a fazer agora, com algum filho ou neto meus. Eu morria de vergonha se o fizesse.

Prendas da parte dos pais do R.:

180eur, a sobrinha do R. (ainda não me habituei a dizer "minha sobrinha", lol...) ofereceu dois bonequinhos, um deles musical com corda.
Ajuda dada na gravidez por causa do Diogo:
Pais do R.: 500eur em dinheiro, 1 babygrow, 1 conjunto de camisola e calça, 1 par de pantufas.
Meus pais: Roupa.

Compreendem agora o que me revolta? O que me envergonha tremendamente? Compreendem a hipocrisia horrorosa que existe nisto tudo?! Como pode esta gente (é família, mas trato-os assim mesmo, de gente e com desdém) falar mal de quem se calhar tem menos escola, de quem "não é fino", de quem é "muito simples", quando nos ajudam tanto e esta gente que se diz "de bem", "estáveis" financeiramente, com casa no algarve e uma bomba estacionada à porta de casa, blá blá blá não ajuda em quase nada?! Que palhaçada.
Natal para mim, vi no ano inteiro, em qual das famílias nos ajudou no que era preciso. A minha madrasta uma vez acusou-me de eu achar que o meu filho era um "Nenuco", quando é ela que compra roupa ao bebé para eu o vestir com aquilo e ela poder pavonear-se dizendo: "O meu neto não é lindão? E a roupinha?! Fui eu que comprei! Eu!"
Estou triste, merda para o Natal que só vejo é gente parva (nem toda a gente como é lógico)...

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Prevêem-se problemas...

... na educação do meu filho. E é coisa que não vou admitir, é que se metam no modo em como educo o meu filho. Não vou permitir que algo não aprovado por mim ou pelo pai, aconteça. Ainda há pouco, estiveram cá os meus pais. A minha madrasta, começa a chamar-me irresponsável por outras palavras por ter a casa desarrumada (se a incomoda tanto, ela que arregasse as mangas e arrume), depois, critica-me por o Diogo estar constantemente virado para o seu lado direito quando eu já tentei vezes sem conta que ele fique virado para o lado esquerdo e não há nada a fazer, ele vira-se sempre para o lado direito (e já agora, muito obrigadinha por me fazer sentir uma merda de mãe, por o menino "ter a cabeça já visivelmente torta"), o meu pai a mesma coisa; passa a vida a queixar-se que a casa está desarrumada pelo que já estou a pensar seriamente em sacar leite com a bomba e deixar o miúdo com eles durante uma semana (queriam! isso é que era doce!) a ver o estado como fica a casinha deles arrumada por empregada toda a santa semana. Estou farta que me estejam sempre a criticar... e é por isso que assim que puder, vendo ou arrendo esta casa e pisgo-me para o mais longe possível dos meus pais e sogros. Tenho mais que fazer que estar a aturar lições de moral de quem foi pai ou mãe há mais de 20 anos!
No dia em que o diogo fez 3 meses, já andava a minha madrasta a brincar, dizendo que daqui a um aninho, já lhe podia enfiar uma colherinha de café na boca. Avisei-a que isso não ia acontecer, e que se eu visse ela a fazer isso, o miúdo não ficaria com eles NUNCA sem eu estar presente. Amuou. Azar. Se o café faz mal aos adultos, muito mais faz a uma criança de 1 ano, mesmo sendo apenas "uma colherinha". Todas as crianças tomam uma colher de café? Não tenho nada a ver com isso. O meu, não toma. E isto não é nada! Volta e meia começam a falar com o bebé do tipo: "A mãe é má!", "A mãe é parva!", "A mãe não percebe nada disto (ou daquilo)!", "A mãe não liga nenhuma ao bebé!", "O/A avô/avó é que sabe!", "Os pais do bebé são irresponsáveis, não é bebé?" - até podem dizer que estou a exagerar, mas garanto que não vou ficar a má da fita perante o meu filho na sua educação. E estou farta que me digam que tudo o que faço está errado. Ora se o visto bem, o bebé está com calor; se lhe tiro o casaco, o bebé está "gelado" (?!?!?!); se ele mete as mãos na boca, está cheio de fome (mesmo que tenha acabado de comer); se está a dormir, o bebé dorme demais; se está acordado, não posso falar alto para não irritar o bebé (?!?!?!)... e com isto o que me apetece é mandar à merda toda a gente! Ora esta! Então a minha madrasta confessou ainda o Diogo era recém-nascido, não saber pegar no bebé uma vez que o seu filho tem 33 anos. Então não sabe pegar nele e vem dar-me lições de moral, no que devo vestir ao bebé, quando é que ele está com fome ou deixa de estar? Tenho mais que fazer... E as vezes que falam com o miúdo tipo: "Tu depois foges para a casa dos avós! Eles são maus, lá é que ficas bem!" ou "Quando fores grande dás uns valentes pontapés à tua mãe, para ela aprender!" - e eu tudo bem... por enquanto vou engolindo sapos, mas se eu rebento... ai ai! Vai ser bonito vai. Sim sim, ele ainda não percebe e tal, mas eles são sempre assim e vão continuar assim. Não vou admitir que ensinem asneiras "faladas" ou gestuais ao meu filho, nem tão pouco permitirei que transmitam actos de violência ao Diogo, mesmo que por "brincadeira". Tenciono educar o meu filho a ser uma pessoa calma e educada, tenciono educar o meu filho sem agressões físicas ou psicológicas e pelo que vejo de antemão, vou ter dificuldades pelo que toca dos avós, mas temos pena. É fazerem algo que não aprovo e fica tudo de castigo sem ver o neto, ou levam resposta torta minha, quer gostem quer não. E quem não gostar... azarito! Tenham um filho (ou adoptem um) e eduquem-no à vossa maneira, que podem estar certos, que é isso que vou fazer com o meu!

Desculpem lá o desabafo, mas ando mesmo cansada de toda a gente meter o "bedelho" a toda a hora na minha vida.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Boas Festas

Como não podia deixar de ser, aqui ficam os votos de um Bom Natal e um Próspero Ano Novo, que os vossos desejos se concretizem e tenham sempre muito amor e saúde nas vossas casas. As fotos foram tiradas no início do mês, altura em que eu ainda estava com a infecção dentária, pelo que não liguem ao meu ar "deformado", lol





E quem é o bebé mais lindo, quem é? Pois claro que é o meu! Beijos a todas e Boas Festas!

terça-feira, dezembro 20, 2005

O Casamento!

O casamento do meu irmão correu muitíssimo bem, surpreendeu-me pela positiva, uma vez que tudo foi organizado em pouco mais de 3 meses. Fartei-me de rir com o nervoso miúdinho do meu irmão, que insistia que o seu casamento ia acontecer a horas certas, ou seja, às 15h em ponto. Como é lógico, enganou-se e o seu casamento, como todos os outros, atrasou como é da prache. O Diogo portou-se muito bem, na recepção dada na casa dos meus pais, estava muito sorridente para todos e na igreja, ninguém podia sequer imaginar que estava lá um bebé (o Diogo passou a cerimónia toda da igreja a dormir).
Claro que recebi inúmeros elogios acerca do meu filhote lindo e como podem imaginar, um lençol era pequenino para conseguir limpar tanta baba minha, eh eh eh! Coloco então algumas fotos do casamento para poderem ver.

Os Papás babados com o filhote adormecido, após a cerimónia da igreja;

O tio e noivo, com o Diogo no colo;

A tia e noiva, com o sobrinho no colo;

Os noivos a assinar o livro de registo, na capela da igreja;

Os tios babados e felizes (pelo sobrinho e o casamento, claro) com o Diogo;

E como não podia deixar de ser, novamente os papás mais babados do Mundo que, quem sabe, também se casarão em breve... ;)


segunda-feira, dezembro 19, 2005

Carta ao meu pai

Sinto-me triste, sabes Pai? Sempre foste um pai ausente e sabes disso, mas nunca fazes um esforço para compensar essa ausência. Tenho 25 anos e vejo-te mais frequentemente agora que o Diogo nasceu, que em toda a vida que vivi na mesma casa que tu. Mas tu não me vens visitar, Pai. Apenas visitas o teu neto, apenas vês o teu neto. Quando me sinto triste, aborrecida ou feliz e quando apareces, faço questão em desabafar contigo, mas não consigo. Sabes porquê, Pai? Porque não me ouves, nunca me ouviste. Deste-me de tudo a nível material quando vivia contigo e desde os 18 anos (altura em que saí de casa) que me ajudas aos poucos. Mas o que me faz falta é a tua atenção, Pai. Dizes-me que foste um pai ausente e por isso compensas todos os dias no teu neto, mas não te lembras na mesma que tens uma FILHA. Que além de ser a mãe do teu neto, é a tua filha. Quantas vezes, na minha gravidez, te pedi para me vires fazer companhia, altura em que me sentia extremamente só sem ninguém com quem falar e a viver uma experiência nova e tu te recusaste a vir cá, sempre alegando tarefas inadiáveis por fazer? Onde estavas, Pai? E onde estão essas tarefas inadiáveis, agora que o teu neto nasceu?
Isto não é ciúme Pai. É saudade do que nunca tive. É querer ter uma ligação especial contigo e não conseguir. É querer ter atenção de pai e não ter, é ver-me sempre em segundo plano na tua vida. Onde estavas Pai, numa noite há tempos atrás, em que parti o salto da bota e torci o pé, onde fiquei cheia de dores sem conseguir andar? O que tinhas para fazer, quando te liguei para me ires buscar a Lisboa, onde já era tarde e frio e eu ainda sem conseguir andar? O que foi mais importante para ti, que te fez dar uma resposta que me magoou? Porque tive eu de ir de táxi para casa, Pai, onde gastei uma fortuna por isso? Porque me criticaste tu, por ter vindo de táxi? Preferias que tivesse ficado na rua? Gelada?
Onde estiveste Pai, quando me sentia triste com qualquer coisa da minha adolescência? Porque foi sempre o trabalho mais importante que ouvir um filho teu? Não te critico por não seres um bom educador, pois apesar de toda a tua ausência, carrego muitos dos teus valores comigo. Mas critico a ausência daquilo que faz um homem ser pai, um amigo, um confidente. Falas-me que a família é o mais importante, mas contrarias-te com a tua própria maneira de ser. Onde está o pai amigo e confidente? Porque tenho eu de ligar mais à família, quando são os amigos que me apoiam, que me ouvem, que nunca alegam nada para fazer quando se trata de partilhar as minhas alegrias e tristezas? Estou triste, Pai. Sinto falta de ti. Agradeço a atenção que dás ao teu neto, mas apenas te mostras egoísta. Sim, Pai. És muito egoísta. O teu trabalho para ti, fez com que não acompanhasses como devias os teus filhos, fez com que um vazio enorme me afastasse de ti, e por isso vês todos os dias o teu neto, mimas todos os dias o teu neto. Para te sentires melhor contigo próprio, para te redimires contigo mesmo. E eu Pai? Porque tentas tu compensar algo apenas para ti? Porque não me deixas tu aproximar-me de ti? Porque não me deixas desabafar, porque achas tudo uma "criancisse", uma "parvoíce" da minha cabeça? Porque é para ti tão difícil de ver que tudo o que me faz falta é de Pai?
Mas não adianta tentar falar contigo acerca disto, pois não Pai? Não adianta porque quando o tema é este ou um semelhante, a tua agenda fica surpreendentemente cheia de repente. Não adianta chamar-te à razão calmamente, a gritar, a chorar, a rir. Tu simplesmente não ouves Pai. E quanta falta tenho, do meu Pai, do sentimento que queria ter retribuído, do Pai que nunca tive e que nunca vou ter...

domingo, dezembro 18, 2005

Quarto

Finalmente, eu e o R. decidimo-nos pelo quarto a comprar. Como podem ver na imagem, optámos por este, uma vez que tinha o preço bastante acessível e está o mais completo possível (inclui cama, mesa de cabeceira, cómoda e roupeiro). Mas mesmo assim acho um abuso o quanto eles cobram por um reles colchão e estrado, pela entrega e montagem do quarto. E é o quarto barato, fará se não fosse... Ora reparem, o quarto custa a módica quantia de € 229.00 e no total iremos pagar, nada mais, nada menos, que € 444.64! Chiça... é quase o dobro! Nem vi em que valor ficaria o estúdio que mostrei no post anterior, tendo em conta que é mais caro e tem não uma, mas duas camas. Deve custar os olhos da cara e mais algum... Claro que possivelmente muitas de vós pensa que dar cerca de 80 contos por um quarto não é nada de especial, mas tendo em conta que eu e o R. não nadamos em dinheiro, nem perto disso, para nós ainda nos custou dar este valor pelo quarto. Quem me dera poder comprar em vez deste, um quarto em madeira maciça, com todos os requintes e xpto's que o meu filhote merecia, mas infelizmente não pode ser.
E por falar no filhote, não sei o que se passa, mas ultimamente sempre que mama, passados cerca de 5 minutos, desata num berreiro completo, ainda agarrado à mama a tentar mamar... Não faço ideia o porquê disto acontecer, mas já começo a ficar apreensiva... Pensei que poderia ser um dentito a romper, uma vez que ele nas últimas semanas tem andado com as mãos na boca constantemente, mas hoje passei com um dedo pela boquita dele e não sinto nada que me possa confirmar a futura presença de um dente. Será já manha dele? Birra? Cólicas creio que não é uma vez que assim que o tiro da mama e o coloco ao colo, seja no meu ou no do pai, ele cala-se e por vezes até começa a sorrir... Não sei mesmo o que será, por isso mamãs da blogosfera, se alguma de vós já viveu uma situação semelhante, que diga de sua justiça e o porquê de ter acontecido, pois já não sei o que fazer e depois até fico com receio que ele fique mal alimentado por largar a mama cedo...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Post 3 em 1

Toalhitas Horrorosas!

Aconselho vivamente que evitem comprar estas toalhitas. O Diogo nunca teve problemas de pele, sempre teve o rabinho são e sem irritações e não é que eu, que comprei estas toalhitas pensando que a lavanda devia ser boa para ele uma vez que a gama do banho dele é toda de lavanda, provoca uma irritação enorme no rabito dele?! Foi de um dia para o outro, nunca vi uma coisa assim! Resumindo, o R. lá foi comprar as toalhitas Dodot Sensitive, as azuis, caso contrário acho que condenava o rabinho do meu bebé a dores bastante incómodas. Em 3 dias a colocar uma camada fina de Halibut e a utilizar as toalhitas Sensitive, o rabinho do Diogo ficou como novo! Nunca mais me enganam! Estas toalhitas até são mais ásperas e deixam a pele do bebé toda peganhenta, uma porcaria... e agora fiquei com 4 pacotes de toalhitas por utilizar, bonito... um gasto evitável mas pronto, ninguém nasce ensinado, certo?!


Casamento

Sábado tenho um casamento... é o meu irmão que vai casar. Sem querer criticar, mas já criticando (como boa mãe galinha que sou protegendo a sua cria), que raio de ideia casar em Dezembro... é tão chato estar a sair com o bebé com este frio horroroso! E ainda mais para um casamento onde, regra geral, as fotografias são tiradas ao ar livre e as pessoas têm de estar ali horas a fio à espera que o fotógrafo nos chame... se nós, gente grande, temos tido frio na rua, nem quero imaginar o Diogo... Mas ele vai agasalhado. Leva o bodie interior de manga comprida, uma camisola de malha, uma camisa, collants, umas jardineiras e um casaco sem mangas, mas quentinho. Acho que chega, mas de qualquer maneira levo na mala dele, o ninho. Se estiver frio coloco-o lá dentro. E também não devo ficar até tarde, o Diogo ainda é muito pequeno e ainda para mais está meio constipado ainda, não devo ficar lá depois das 22h30m.

Quarto

Quanto ao quarto do Diogo, já desisti dele... não vale a pena. Preciso de comprar um quarto para o bebé, mesmo sabendo que ele não vai dormir já naquela cama. O facto é que preciso de espaço para arrumar as tralhas dele, que apesar de ter apenas 3 meses, já começam a ser demasiadas para estar tudo no meu quarto. E também não ando com a mínima vontade em estar a colar fitas autocolantes e bonecos e Dossel para colocar num quarto tão grande um berço e uma banheira, ficaria horroroso. Mas também não admito que me venham dizer (como disse o meu pai) que o Diogo não precisa de quarto, que muitos bebés dormem no quarto dos pais até aos 4 anos de idade (?!?!?!?!?!) e que por isso tenho muito tempo para comprar o quarto. Sou muito agradecida aos meus pais por toda a ajuda que me deram e continuam a dar, mas tenham a santa paciência! Então agora ia ficar durante os próximos 4 anos a atafulhar roupa de 3 pessoas num quarto?! A minha roupa já ocupa quase tudo, para a do R. já tenho de andar às voltas para conseguir arrumar tudo, quanto mais a roupa toda de uma criança! Fiquei parva com o que ouvi... Outra coisa que também acho piada, é estarem sempre a perguntar "O que é que o menino precisa, que a gente compra?" - E eu lá respondo. Precisa de um marsupial (que comprei entretanto porque se estivesse à espera, ui ui, recebia um com mais de 10 anos e em 2ª mão, barda merda!), precisa de uma espreguiçadeira, precisa da cadeira de refeição, precisa do quarto... ou seja, coisas grandes que infelizmente não posso comprar por não ter dinheiro. E o que me compram? Roupa, roupa e mais roupa... para quê?! O Diogo tem tanta roupa que nem sei o que fazer com ela, um casaco de inverno por exemplo, se calhar nem vai usá-lo porque é enorme e quando já estiver crescido para caber dentro dele, já é Verão.
E quanto a ele dormir no meu quarto até aos 4 anos... era só o que faltava! Depois quem ia habituar a criança a dormir no seu próprio quarto? Não estou para criar maus hábitos ao Diogo à pala de parvoíces. Quem cria e educa somos nós, os pais e não vou habituá-lo a coisas que não desejo que aconteçam. Por isso eu e o R. falámos e quando tivermos chance, compramos o quarto e logo o decoro e faço o que tem de ser feito. Não posso é estar à espera que uma promessa se cumpra e com isso ter a minha vida parada, por vezes à espera do que não vem.

Desculpem o desabafo, mas por vezes tenho de deitar cá para fora tudo o que me aborrece, senão dou em doida...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

As Vacinas

Ontem foi novamente dia de vacinas. O Diogo foi levar a Meningitec e a Prevenar. E sinceramente, não sei se é de mim ou se tenho mesmo azar com os serviços médicos e de enfermagem que apanho... Ora, quis pesar o Diogo antes das vacinas porque depois não seria possível (estaria demasiado rabugento e choroso). Aviso no guichet da minha intenção de pesá-lo primeiro; tudo bem. Até que a enfermeira da vacinação me chama... Dirijo-me a ela e digo-lhe para chamar outra criança se estiver mais alguém à espera porque quero pesar primeiro o bebé, "Tudo bem, como desejar!" - e eu tudo bem! Fico na sala de espera a aguardar que a outra mamã que também ia pesar o bebé, saísse para eu poder entrar. Então não é que a atrasada da enfermeira vai à sala de espera e diz, - "Então o Diogo?! Estou à espera!" - Passei-me! Primeiro porque não estou para ouvir "sermões" de enfermeiras, muito menos numa sala de espera com pessoal a olhar para mim e depois porque pelos vistos ela respondeu-me, mas nem sabia o que eu estava a dizer! Resultado, o meu pai levanta-se e leva a coque com o Diogo dentro e eu sigo atrás e deparo-me com a outra mãe que já tinha saído da sala de pesagem. Excelente! Digo ao meu pai para continuar em frente e volto a dizer à enfermeira, - "Como lhe disse há pouco, vou pesar primeiro o meu filho porque ele depois das vacinas estará demasiado rabugento para tal." - e não é que ela fica muito ofendida?! - "Como queira! Já percebi que quer pesar primeiro, o que é que eu posso fazer? Não posso fazer nada, vá lá pesar primeiro, que remédio!" - Mas a esta altura já estava a falar sózinha porque lhe virei as costas. Jurei a mim mesma que não voltaria a ser maltratada por gajas destas e vou cumprir isso mesmo!
E lá fui eu pesar o Diogo, está já com 6.075kg (acho que está a estabilizar o peso), mede 58cm e de perímetro cefálico 41cm (ambas as medidas são caseiras porque se recusaram a medir o bebé por "ser só na consulta dos 4 meses que se mede o bebé!"). Voltei a vestir o Diogo e lá fui eu directa para a sala da vacinação. E chorou tanto o meu pequenino... o meu pai foi connosco e mal sentiu o neto chorar virou-se logo de costas para nós! Mas pelo menos sei que se algum dia o Diogo fôr para um infantário, estará protegido. O avô é que pagou as vacinas, mas pergunto-me muitas vezes, e quem não tem € 90.00 para dar pelas vacinas, como é?! Este estado é uma vergonha... Fazem apelos para os portugueses terem mais filhos, que a população está a envelhecer, mas que oferecem eles? Insenção na gravidez? Acham que isso basta?! Palavra de honra que qualquer dia deito a nacionalidade por terra e pisgo-me daqui! O orgulho que tenho por este país é mínimo ou nenhum já.
Enfim, antes de sair de casa, dei o Ben-U-Ron 125 ao Diogo e apesar de ter chorado imenso na altura das vacinas, reagiu muito melhor durante o resto do dia que no mês passado. Menos mal, voltou a não fazer febre e ao contrário do mês passado, não fez inchaço em nenhuma das perninhas, que bom! Agora, vacinas só em Janeiro!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

3 Meses de Vida, Um Ano de Ti

Pois é, o homem mais novo da minha vida (o mais velho é o seu papá), faz hoje 3 meses. E vê-lo assim, de olhos brilhantes e feliz, faz de mim a mãe mais orgulhosa do mundo!

É, de facto, maravilhoso ver os nossos filhos crescer, a cada minuto, a cada dia que passa. Por vezes lembro-me da vida que tinha antes do Diogo nascer, de ter saudades de ir beber um copo ao fim-de-semana com os amigos, mas essa saudade passa depressa. O meu filho foi a melhor coisa que me aconteceu, tanto a mim como ao pai e não mudo em nada estes 3 meses de choros e sorrisos, de momentos bons e maus que me fazem aprender a cada dia a ser Mãe!

Acho que nem hoje nem nunca, vou ter capacidade de descrever o que é ser Mãe. Acho que só quem passa por esta experiência única, consegue entender o que sinto, o que me vai na alma. Acho que é por ser Mãe e Melhor Mãe a cada dia que passa, compreendendo melhor o meu filho, que me faz viver a cada dia, sempre mais feliz que no dia anterior!

E é pelo meu filho, por cada momento passado com ele, que decdi exorcizar tudo o que de negativo passei no dia em que ele nasceu e enquanto estive internada. É por ele, que só o bom ficou gravado na minha memória, que tudo o resto ficou caído no esquecimento. É por ele que faço tudo e é por cada sorriso retribuído, que me faz sentir a mulher mais feliz do Mundo.

Há um ano atrás, o Diogo começou a fazer parte da minha vida, a fazer parte da vida do pai. Há um ano, que a minha vida começou a mudar em função deste bebé que actualmente nos preenche totalmente. E é por este filho lindo e por todo o amor que o R. me tem, que lhe agradeço do fundo da minha alma, por ter de aturar as minhas mudanças de humor, por ter sempre um mimo para me dar, por ser quem é, com todos os defeitos e virtudes. São estes os dois homens da minha Vida, é por eles que agradeço a cada dia que passa, ser tão feliz ao lado deles. É por eles que eu daria a minha vida se preciso fosse. Obrigada meus queridos!

domingo, dezembro 11, 2005

Sentimentos passados (IV)...

Com a chegada do R. juntamente com o meu cunhado e sogra, comecei finalmente a relaxar um pouco. Senti-me feliz com o R. do meu lado, a olhar para o filho com um olhar super babado. Entretanto, o meu cunhado e sogra foram embora e veio o meu pai com a única flor que recebi (não tenho família e amigos que me enchessem o quarto de hospital com visitas, nem a casa depois de ter tido alta, sendo isso bom ou mau, não sei.) pelo nascimento do Diogo. Acho que foi a altura em que fui mais mimada... O R. trouxe-me o telemóvel (que bom ter horas e poder falar com alguém), umas revistas e umas bolachas e fruta para comer. Levou-me uma garrafa de água e um walkman. Quase não li, não ouvi música nem comi a fruta que me levaram, mas contou a intenção. O meu pai teve de sair às 16h e fiquei as 4 horas seguintes com o R., no quarto, completamente sós. Adorei essa visita... A enfermeira veio para nos ensinar a dar o banho ao Diogo (fartou-se de chorar, muito besta sem dar qualquer tipo de mimo ao bebé) e saíu apressadamente tal como entrou. Fiquei mais descansada depois de vestir o bebé e de o acalmar. Sempre me disseram e também li em revistas, que no tempo de internamento, as enfermeiras são as nossas melhores amigas, que nos esclarecem em qualquer dúvida que tenhamos. Acredito que possa ser assim em muitos locais, mas não ali.
Entretanto, uma auxiliar entregou-me novo tabuleiro com refeição. Comi a sopa, o segundo prato e deixei o resto. O R. tinha de sair por a visita estar a chegar ao fim e lá ficaria eu sózinha de novo, entregue às minhas dúvidas. Felizmente, nessa noite a Raquel entrou no meu quarto e na manhã seguinte entrou a Sandra. Se posso falar em ajuda para esclarecimento de dúvidas, posso agradecer a elas (ambas mães de 2ª viagem) e à Sara, uma amiga pessoal que me respondeu prontamente a todas as mensagens que lhe mandei com dúvidas. No segundo dia, o Diogo andou muito choroso, muito rabugento. Sabia que se tratavam de cólicas (era um choro sofrido, não era de fome), mas não sabia o que fazer para melhorar o estado dele... A Raquel disse-me para chamar a enfermeira e assim o fiz, expliquei o que se passava e ela levou o meu bebé dizendo apenas que "já o trazia". Fui tomar um duche de coração nas mãos, o R. ficou junto à minha cama à espera da enfermeira que depois de o deixar lá, foi ao WC dizer-me que era possível que o bebé fizesse mais cocó novamente e que já estava tudo bem. Menos mal... Chegou a altura de dar o primeiro banho ao Diogo (ou melhor, o meu primeiro banho ao Diogo... percebem?). O R. descartou-se de imediato e eu, receosa, resolvi esperar pela enfermeira que ia explicar à Sandra e à Raquel como fazê-lo, para eu fazer igual. Lá me safei, mas nem a dar banho ao meu filho, sentia confiança. Estava insegura em relação a tudo e morria de pavor de ter de chamar uma enfermeira que me fragilizasse ainda mais.
Após as visitas saírem, jantámos as três na conversa e resolvi perguntar às duas como dar de mamar, quando dar de mamar, por quanto tempo, etc... E tanto a Sandra como a Raquel diziam o mesmo; arranjar a melhor posição de costas direitas e que o bebé mame sem esforço, dar de mamar sempre que ele chorasse, que cada bebé mamava X tempo, "depende" - diziam. E acho que nunca o factor «comparação» foi tão prejudicial para mim... Tanto a Íris, filha da Raquel, como o João Pedro, filho da Sandra, mamavam cerca de meia hora em cada mama e o meu Diogo, se ficasse acordado a mamar durante 5-10 minutos, já estaria eu a fazer uma festa... Preocupava-me o facto de ele ter nascido com pouco peso e não mamar quase nada, receava que ele não se estivesse a alimentar bem, ou que o meu leite (colostro na altura) não prestasse. A Sandra também estranhou ele mamar tão pouco tempo e aconselhou-me a chamar uma enfermeira. Fiquei apreensiva, a minha opinião acerca de enfermeiras daquele hospital não era a melhor e a experiência com as mesmas ainda acentuava mais essa opinião. Mas chamei... e arrependi-me. Chamei-a por volta da 1h e após cinco minutos, lá vem ela e diz: - "Diga lá, o que é que quer a esta hora?!" - já arrependida e desiludida por ter tocado naquela campaínha, expliquei-lhe que o meu filho mamava muito pouco tempo, que comparando com os filhos das mamãs do meu quarto, ele pouco ou nada mamava e que estava preocupada com isso. E em vez de me explicar como dar de mamar, ou sei lá... qualquer coisa, responde-me simplesmente: "Então o bebé está a dormir! Quer pô-lo a comer para quê?! Quando ele acordar logo mama, primeiro numa, depois na outra! Vá, descanse mas é!" - e saíu. Fiquei estupefacta.
Na Quarta-feira, já eu comentava com elas de manhã, que se não tivesse alta nesse mesmo dia, que fugia dali. Felizmente, o médico que viu o Diogo deu-lhe alta, a enfermeira e médica que me viram ambas disseram que a cicatrização da episiotomia estava a dar-se muito bem e que não estava muito inchada pelo que possívelmente teria alta nesse mesmo dia. Mandei mensagem ao R. de imediato, estava ansiosa por sair dali, queria ir para casa, conhecer o meu filho à minha medida, à minha maneira. E lá recebi a alta. Nunca me senti tão feliz depois de ver o meu filho nascer, como naquele dia. Ia finalmente para minha casa, com os dois homens da minha vida, para esquecer tudo o que vivi naquele hospital. Nem o R. soube o que senti nesses dias. Talvez o saiba agora, ao ler os meus relatos como vocês. Não quis, nem nunca vou falar acerca do assunto. Não gosto de falar do que me aflige, apenas escrevo o que me vai na mente para depois esquecer. E como prometido, depois de relatado o parto e internamento, vou arquivar este assunto definitivamente.


Amanhã o Diogo faz 3 meses, e faz um ano que ele faz parte da minha, das nossas (minha e do R. principalmente) vidas, todos os dias. É este bebé que me sorri todas as manhãs que ficará na minha memória, essa menina que por vezes nos trai e deixa que caiam no esquecimento, momentos que gostaríamos de recordar para sempre. E talvez por a memória ser demasiado traiçoeira, que a quero ocupar com tudo de bom, o mau que caia no seu esquecimento.
Obrigada a todas as que me lêem. Às que ainda não são mamãs, desejo do fundo do meu coração que jamais passem pelo que passei. Beijos e abraços!

sábado, dezembro 10, 2005

Sentimentos passados (III)...

Quem me conhece realmente, sabe que apenas escrevo (acontecimentos negativos da minha vida) para esquecer, como se fosse um "cut" da minha mente e um "paste" para o papel (ou neste caso, Pc). Talvez por desabafar, tudo o que me atormenta acabe por se desvanecer, não sei. E é por isso que continuo a escrever acerca do meu trabalho de parto, até mesmo se vocês não ligassem nenhuma ao que escrevo, eu continuaria a escrever, é uma necessidade para mim.

Depois de ter estado com o R. na sala de espera, a enfermeira voltou para me ir buscar. Segundo ela, não podia estar lá fora. Levei comigo a mala com a roupa que o Diogo iria vestir ao nascer, mas nem nisso fui poupada... - "O quê?! É só isto o que traz para o bebé?! (segundo o que me disseram no Centro de Saúde e por as maternidades serem muito quentes, bastava levar como primeira roupa um bodie, uma fralda, umas meias, um gorro, uma fralda de pano e uma mantinha para enrolar o bebé.) Então o fatinho? O babygrow?!" - E eu, já cansada de dores e de me sentir enxuvalhada q.b., apenas lhe disse, mostrando o panfleto do Centro de Saúde que estava na mala, que tinha sido o aconselhado nesse local. De imediato, vendo-me já aborrecida me disse que a culpa não era minha sendo assim, mas que eu "devia saber que o bebé precisa de ser mais vestido para não ter frio!". Saíu, dizendo que ia pedir ao R. para ir buscar um babygrow para o bebé. No tempo que fiquei a sós novamente, tive uma quebra de tensão pelas dores intensas e pelo calor que se fazia sentir no Bloco de Partos. Nem sei como não desmaiei, sinceramente. Consegui chegar à casa de banho, molhei o rosto numa tentativa de me conseguir aguentar consciente e de repente, vem-me o vómito à boca e zás; sanita com ela! Nem sei como consegui fazer pontaria, palavra de honra... cada vez com contracções mais dolorosas, tensão a descer rapidamente, o calor abrasador que sentia e o tratamento "5 estrelas", estavam a deixar-me física e psicologicamente de rastos...
Quando a enfermeira voltou, disse-me que iriamos para a sala de parto, de modo a me ser colocado o soro e o CTG, para a contagem decrescente. E foi aí, que não aguentei mais as dores... nunca pensei conseguir passar por tantas dores e mesmo assim sobreviver. Nunca pensei que com tantas dores e por eu gritar por isso, alguém fosse capaz de me dizer - "Tanta gritaria! Continue assim e o pai fica lá fora!", nunca pensei que ao pedir a epidural, alguém me desse um documento a explicar o que era, como se administra e para assinar, e ficar com esse documento na mão a pedir uma caneta para autorizar a administração da droga, sem ninguém me responder. Jamais pensei que me iam dizer - "Não pode levar a epidural, qual epidural qual quê! Já está a fazer a dilatação depressa demais, já vai tarde para isso!"... E com isto, sei que ela colocou-me Petidina em conjunto com o soro de modo a acelerar as contracções, com isto sei que vomitei novamente, com isto sei que me colocaram a máscara de oxigénio por o Diogo estar em sofrimento e com isto, devido à Petidina e apesar das contracções que estava a sentir de 30 em 30 segundos, acabei por fechar os olhos, acabei por me deixar levar pelo cansaço ao ponto de só me lembrar de ter perguntado, - "Ainda falta muito? O meu marido? Onde está o meu marido...?" e de me terem respondido, - "Já está quase, o seu marido já vem." - E caí para o lado, literalmente.
O R. apareceu por volta das 7h30. A mudança de turno deu-se e com isso a primeira enfermeira foi embora; apenas ficou a enfermeira dos documentos assinados. Lembro-me de ter escutado de olhos fechados uma voz baixinha a dizer: - "Pode entrar, está ali uma cadeira, sente-se lá que ja está quase." - e abri os olhos. Vi o R. todo vestido de verde, bata e pantufas (muito sexy, lol) e agarrei-me à mão dele. - "Não aguento mais, amor...! Não aguento..." - as contracções iam e vinham a uma velocidade alucinante, estava mais tempo com dores do que a descansar. Quando olhei para o frasco da Petidina, este já estava vazio e a densidade das contracções aumentou, aumentou tanto que gritei, gritei! O CTG começa subitamente a apitar "Pip-pip! Pip-pip!" e fez com que uma enfermeira viesse a correr à sala, o coração do Diogo não se ouvia e forçaram-me a ficar de barriga para cima de modo a colocar o aparelho de forma a escutá-lo. Mas não aguentei. Mesmo contrariando a enfermeira, virei-me para a direita e assim fiquei, de mão dada com o R. e de costas para ele. Até que, no meio de tanta contracção, me deu uma vontade enorme de fazer força, muita força. Uma médica entrou e pede-me para fazer precisamente o contrário. Tentei fazer o que me era pedido... mas não consegui, era mais forte do que eu... e lá começou o processo de expulsão. A médica e enfermeira pediram-me para colocar as pernas nas perneiras, pediram-me para agarrar umas pegas abaixo das perneiras e fazer o máximo de força possível. Assim fiz, quase sem forças, com o R. a fazer-me festas no cabelo, fiz a maior força que fui capaz até que ouvi, - "Não faça força agora! O bebé tem o cordão no pescoço!". Parei a custo, mas aquelas palavras alarmaram-me. Por mais vontade que tivesse de fazer força, aguentei pelo meu filho e... escutei o seu choro pela primeira vez, eram 8h30 da manhã. Vi-o, um pouco cinzentito, pequenino a chorar. Perfeito e lindo como nenhum outro. Foi colocado no meu colo por 5 segundos, não mais que isso. Apenas consegui tocar-lhe ao de leve na cabeça antes daquela besta de enfermeira dizer "Agora vou pesá-lo e vesti-lo, já vai ter muito tempo para estar com o bebé. Ai que branco que ele é!" - Ignorei-a o mais que pude, com o coração nas mãos por não ter sequer falado com o meu filho, não ter sequer pegado nele, nem dado de mamar. Mandaram o R. sair depois de me terem cozido, altura em que tremi como nunca tinha tremido antes. Sentia tanto frio... estava com a alma pequenina, estava ali, ao lado de um dos homens da minha vida, enquanto o outro não o vi depois de vestido. Mas irei recordar sempre, o R. do meu lado quando colocaram o Diogo no meu colo, com uma lágrima nos olhos por ter visto o filho nascer. Jamais esquecerei esse momento.
Depois disto, pediram-me para passar para uma cama e fui posta num quarto (se é que se pode chamar aquilo de quarto), ainda sem o meu filho. Perguntaram-me se queria beber alguma coisa, recusei. E adormeci por breves momentos, completamente exausta. Quem me acordou foi uma enfermeira, - "Acorde mãe, quer dar de mamar ao seu bebé?" - e ao abrir os olhos, vejo o meu pequenino, lindo, a ser colocado do meu lado para mamar pela primeira vez, eram 10h30m. E, podendo parecer fria aos vossos olhos, não sei se me estava a sentir feliz. Era uma realidade muito repentina para mim. Depois de tudo o que passei, tinha um ser dependente de mim e as dúvidas assombravam-me a mente a toda a hora. Aquele trabalho de parto havera-me enfraquecido o corpo, mas também a mente. Tudo o que tinha aprendido acerca da maternidade, durante os tempos da gravidez, estava como que a desaparecer com a insegurança que estava a sentir. Ainda me sentia a menina mal comportada que tinha sido castigada com palavras de apreensão e dores físicas propositadas. Estava assustada, passou-me pela cabeça que talvez não fosse capaz de tomar conta do meu filho. O meu filho deve ter mamado apenas cerca de cinco minutos. O tempo passou muito depressa e quando dei por mim, estava com o Diogo do meu lado e a ser levada sei lá para onde. Vi o R., à saída do Bloco de Partos. Só teve tempo de me dar as malas e eu de lhe dizer para avisar os meus pais. Nem um beijo lhe dei...
Fui deixada num quarto com duas mães que iam ter alta nesse dia, mas não falei com ninguém. A enfermeira que me acompanhou (uma das duas únicas enfermeiras afáveis e competentes que encontrei) deitou o Diogo no berço junto à minha cama, perguntou se eu queria beber alguma coisa, e disse-me que eu faria o recobro por volta das 14h30. E deixou-me ali. Mas não consegui descansar; limitei-me a contemplar o meu filho, de rosto redondo e perfeito, calmamente a dormir como se não tivesse passado por nada daquilo. Toquei-lhe na mão pequenina e sorri para mim mesma. Foi o que de melhor fiz na minha vida, não tenho dúvidas. As mães saíram na hora de almoço, pouco antes de me trazerem um tabuleiro de comida abominável. Limitei-me a comer a sopa e a beber água. Deixei o prato principal e a fruta. Adormeci. Acordei com uma enfermeira a perguntar se eu já tinha dado de mamar, respondi que não, pois não tinha forças para me levantar e pegar no bebé. A enfermeira ficou a refilar enquanto colocava o bebé do meu lado e saíu assim mesmo, a refilar entre dentes. Mas o Diogo não mamou... continuou a dormir e por mais que eu lhe tentasse dar mama, ele limitava-se simplesmente a continuar adormecido. Comecei a ficar preocupada, até que veio a enfermeira para me fazer o recobro e descansou-me. Colocou o Diogo novamente no berço e disse para não me preocupar, que os bebés dormem muito e que quando ele tivesse com fome, que daria o alarme. Apenas para não deixar passar mais de seis horas sem mamar. Ajudou-me a levantar e levou-me até ao duche. Nunca me soube tão bem um duche! Quando voltei para o quarto, estava sózinha. Peguei no Diogo e fui até à janela. Queria tanto ver o R.... queria sentir algum apoio, queria repartir a alegria de ter o meu filho nos braços, sem ninguém a dizer-me que tinha de o levar não sei para onde.

Terminarei o relato amanhã, a um dia do meu filho completar 3 meses de vida e um ano na minha vida. Hei-de exorcizar os meus pensamentos e sentimentos passados antes dessa data e a partir daí, só coisas boas para relatar.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Sentimentos passados (II)...

No domingo, dia 11 de Setembro, estive todo o dia a arrumar a mala do Diogo (uma vez mais, nunca a achava perfeita...) e já muito incomodada com dores nas costas e moínhas no baixo ventre, como se de dores menstruais se tratasse. O R., andava a trocar as torneiras da cozinha e do WC e farto de andar a sair de casa para ir buscar uma peça para a torneira da cozinha, e mais outra porque a anterior não servia... Ao terminar, fomos jantar e comentei com ele que sentia a minha barriga a ficar muito rija e que tinha moínhas de tempos a tempos. O rolhão já o tinha começado a perder na 6ª feira anterior e sabia que o parto estava perto, afinal de contas, a data marcada era para daí a 3 dias. Não me recordo bem, mas sei que nos fomos deitar tarde, eram cerca de 2 horas da manhã e aí as dores já me incomodavam bastante, sentia dores no fundo das costas pelo que pedi ao R. para me massajar a zona de modo a ver se passava. Não passou, mas melhorou tanto que comecei a adormecer junto ao R. já moída pelas dores. Mas quando estava prestes a adormecer, as minhas águas rebentaram, senti um "plop!" e fiquei molhada. Acordei em sobressalto, assustada, apreensiva. Nunca cheguei a ter aulas de preparação para o parto, uma vez que na altura que devia ter tido, as enfermeiras do Centro de Saúde estavam de férias. Acordei o R., avisei-o que algo se passava e ele muito calmamente (estava a dormir em pé), disse-me para me vestir para irmos ao hospital. Tomei um duche antes, lembro-me como se fosse hoje... a água caía sobre mim e eu ia tentando concentrar-me no que estava a acontecer. No fundo sabia que estava em trabalho de parto, sabia que era o processo inicial para ter o meu filho nos braços, mas sentia-me tão assustada, tão inexperiente... queria porque queria, não acreditar que era desta. Não me sentia preparada psicologicamente para enfrentar o que tinha passado uma semana antes, não estava preparada para me sentir um peso, para ser tratada como lixo por pessoas desumanas. Mas pensando agora no assunto, sei que jamais ficaria preparada.
Ao sair do duche já eu estava com contracções fortes, tive de me ajoelhar sucessivamente para poder suportá-las da melhor forma possível. Coloquei um penso higiénico devido ao líquido que estava ainda a perder (e para quê pergunto agora?), acabei de me vestir e lá saímos de casa. O R. com as malas na mão, eu agarrada ao corrimão das escadas cada vez mais amedrontada com as dores que sentia. Sabia no fundo do meu coração que o meu filho estava bem, sentia-o. Não sei explicar como, mas sabia que ele estava bem, que aquelas dores que eu estava a sentir não era por algo estar errado, muito pelo contrário. Ao chegarmos ao carro (demorou pois parei cerca de 3 vezes até lá chegar), comecei a contabilizar os minutos das contracções. Dois minutos de intervalo entre contracções. Lembro-me ténuamente do R. me ter perguntado se podia passar primeiro por uma bomba de gasolina. Nem consegui ficar aborrecida com a pergunta despropositada para altura, apenas lhe disse que não aguentava, peguei na mão dele e só lhe disse: "Tenho medo amor... não sei se vou conseguir..." - Mas ele sorriu-me, afagou-me a mão e tranquilizou-me, dizendo que tudo ia correr bem, que eu ia passar por isso e tudo ficaria bem. Tinha a cabeça a mil à hora, todos os meus pensamentos e sentimentos estavam emaranhados como um novelo mal enrolado. Talvez por isso, eu não tenha tido sangue frio, para fazer valer os meus direitos naquele bloco de partos, talvez por isso, eu tenha deixado que me maltratassem daquela maneira, que me sentisse sózinha ali, e no Mundo. Não sei.
Chegámos ao hospital, saí do carro e fiquei ajoelhada no chão. As dores estavam cada vez mais intensas, e talvez mais fortes pelo meu receio. Estava apavorada com aquelas dores que nunca tinha sentido na minha vida. Pedi ao R. para ir andando (porque eu andava muito devagar) e fazer a ficha da minha entrada nas urgências. Ao chegar lá dentro estava já encharcada da cintura para baixo, apenas me agarrava à barriga que parecia descer, descer... O R. pede uma cadeira de rodas porque eu já não conseguia andar e lá fui eu. Lembro-me de ver o marido da Raquel, uma brasileira que teve a sua filha Íris no mesmo dia. Mas ele estava fora do bloco de partos, não estava sequer na sala de espera. Lembro-me de ele ter aberto a porta para o R. passar comigo. Eram 4h30 da manhã quando entrei no bloco de partos, eram 4h30 quando olhei para a cara da enfermeira que estava agora na minha frente, eram 4h30 quando fiquei apavorada por estar a vê-la novamente... - "Ora ora, em cadeira de rodas?! Não pode andar é? Vá, toca a levantar que ter um filho não é ficar sem pernas!" - E assim, com estas palavras a ferirem-me como farpas, sem qualquer apoio do R. (não pôde entrar) nem de ninguém, fui encaminhada para uma sala onde a enfermeira me voltou a falar: - "Está aqui este saco. Dispa-se toda e vista esta bata!" - Despi-me assustada, como se fosse uma criança que tinha feito algo de errado e estivesse prestes a ser castigada. Sentia-me pequenina, diminuta. Outra enfermeira entrou, sentou-se e ficou a olhar para papéis enquanto falava sózinha, nem sei o que ela dizia, só queria fechar os olhos, acreditar que estava a ter um pesadelo e que logo logo, ia acordar e ver que estava tudo bem. Mas não era sonho, foi uma realidade e bem dolorosa para mim. Começou a fazer-me uma série de perguntas; quando é que as águas tinham rebentado, de quantas semanas estava, se fumava ou não, e após mais umas quantas entregou-me uns papéis para eu assinar. Não pude ler o que assinei, uma vez que quando tentava ler, ela prontamente me apressou ao dizer: "Não vai ficar a ler papéis agora, pois não? Há muita coisa para fazer consigo ainda antes do bebé nascer, despache-se lá com isso!" - E lá assinei os papéis. Ainda hoje não sei para que se tratavam ou do que falavam...
A enfermeira saíu e voltou a primeira, que me tinha atendido uma semana antes. Mandou-me deitar numa maca que a pequena sala tinha, de barriga para cima (com contracções a cada minuto?!?!?!) e mandou-me abrir as pernas. Fez-me o toque de forma brusca e descuidada, e veio de lá com um Tupperware (?!?! na minha santa ignorância, num hospital os objectos não deviam ser de metal?!) e com uma lâmina para me rapar. Até aí, tudo bem. Pior foi quando começa a falar do trabalho que eu lhe estava a dar (?!?!) como se eu nem estivesse presente... pior foi eu conseguir aguentar contracções estando de barriga para cima e com uma tristeza tão grande que me deixava angustiada, pior foi eu tentar conter as lágrimas na presença daquela mulher. E consegui. Consegui aguentar o que estava a ouvir, conseguir aguentar contracções, consegui evitar chorar. Fixei o que ela disse ao me fazer o toque; "Três dedos de dilatação." - fixei essa informação e concentrei-me nisso. Estava em trabalho de parto, estava a horas de ver o meu filho.
Após três meses destes acontecimentos, a minha memória começa a falhar, a querer apagar os pormenores mais dolorosos. Depois do que aconteceu naquela pequena sala, só me lembro de estar numa outra sala pequena, deitada de lado, onde a enfermeira que me entregou os papéis para assinar, me aplicava um clister. Lembro-me de ela estar calmamente a conversar com a outra enfermeira acerca de produtos de supermercado, acerca daquela grávida "que pensava que sabia de tudo e que deu mais trabalho do que devia", acerca de estarem ambas fartas de estarem enfiadas no hospital a fazer noites. Ouvi tudo isso enquanto me contorcia de dores. Quando ela acabou o clister, apenas me disse para me levantar e para ir para a casa de banho. - "Está à espera do quê?" - disse-me. E eu, que sempre fui de não levar "desaforo" p'ra casa, lá acatei a ordem como se de um cachorrinho me tratasse. Fechei a porta da casa de banho e aí sim, chorei. Chorei lágrimas de dor, de medo, de tristeza por estar a ser novamente tratada com uma indiferença tão fria, quando me devia sentir feliz por estar quase a ver o meu filho, quando devia estar óptimista e calma para o tempo passar depressa sem sobressaltos. Quando saí do wc, estava sózinha na sala. Olhei para o relógio e eram já 5h15 da manhã. Senti-me subitamente em paz, fiquei calma e gostei de ter ficado ali sózinha por 15 minutos. Sentei-me na cadeira de uma secretária que lá estava, apoiei-me na mesa com o braço direito e deixei cair a cabeça sobre ele, ficando ali com dores e quase adormecida.
Fui como que chamada para a realidade pela primeira enfermeira, às 5h30. - "Então? Está aí sózinha?" - (queria que estivesse como? que saísse dali à procura de sua excelência sra d. Besta?) - Eu apenas dei um ligeiro sorriso amarelo como resposta, nada mais. Entretanto, passou-me um roube para vestir, disse para ir entregar anéis e brincos ao R. na sala de espera e para tirar também "isso que tem aí no queixo, se sair!" (referia-se ao meu piercing colocado abaixo do lábio inferior). Fiquei aliviada ao ver que podia ir ter com o R., finalmente algum apoio, uma palavra, um ombro amigo! Fui lentamente e cheia de dores ter com ele e sorri ao vê-lo, todo ensonado a levantar-se bruscamente quando me viu. Dei-lhe os brincos e fui para o espelho do wc da sala de espera, de modo a retirar o piercing sem trilhar a parte interna do lábio. E fui novamente para o wc, maldito clister! Acho que estive lá 10 minutos, ou mais. O R. volta e meia vinha espreitar-me quando me ouvia gemer de dor com as contracções. "Estás bem, amor?" - perguntava ele. E eu só acenava que sim, completamente exausta por não ter descansado nada antes das águas terem rebentado.
Continuarei o relato amanhã ou depois. Obrigada por me lerem e por partilharem as vossas experiências comigo.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Sentimentos passados...

Há tempos atrás, escrevi (descrevi) acerca do meu trabalho de parto no blog da minha gravidez, o Vem a Caminho. Mas não escrevi acerca do que senti, no turbilhão de sentimentos que me assolaram naquelas horas que antecederam o nascimento do meu filho. Fui muito "fria" e apenas descrevi aquilo que aconteceu. A que horas me romperam as águas, a que horas cheguei ao hospital, quando vomitei, quando pensei que não ia aguentar mais, por aí fora. Não falei do que senti aqui, na minha alma. Não falei de sentimentos. E posso afirmar com convicção que nunca me senti tão fragilizada psicologicamente como nessa altura e nos dias que passei no hospital.
Qualquer mãe de primeira viagem é inexperiente. Por mais que leia testemunhos de outras mães, revistas da especialidade, artigos e outras estórias relacionadas com o assunto, a verdade é que nada tira a insegurança de uma mãe nos primeiros dias de vida do seu filho, principalmente quando algo se passa de errado. E eu, sem excepção, fui uma delas. Uma semana antes do nascimento do meu filho, tive uma amostra do que possivelmente iria passar naquele bloco de partos e infelizmente estava certa. Uma semana antes, no dia 3 de Setembro, dei entrada no hospital por volta das 23h30 uma vez que não senti o Diogo mais que 5 vezes em 12hrs. Ora, vendo no Boletim de Grávida, é bem explícito que em caso de não se sentir o bebé pelo menos 10 vezes no espaço de 12hrs, que se deve contactar o médico ou ir ao hospital de modo a verificar se está tudo bem. E assim o fiz, com o coração nas mãos, toquei à campainha do bloco de partos do Hospital do Barreiro e atendeu-me uma enfermeira que me perguntou ao que ia. Expliquei a situação e qual não é o meu espanto quando ela solta uma gargalhada sonora seguido de um comentário infeliz - "O quê? Você só sentiu o bebé 5 vezes durante o dia? E acha isso motivo para cá vir? Sinceramente...!" - Fiquei estupefacta a olhar para ela, mas mentalizei-me que jamais me iria sentir mal por lhe estar a dar trabalho àquela hora e por estar preocupada com a saúde do meu filho. Entretanto, veio outra enfermeira, já informada pela primeira, muito amuada por ter de vir com o aparelho para escutar o coração do meu filho... "Oh! Olhe! Já senti um pontapé! E diz você que não se mexe? Ai palavra de honra que ao mínimo espirro elas correm para o hospital! E veja a pulsação! Está 140 por minuto, normalíssima!" E dito isto (eu cada vez mais estupefacta) sai a correr atrás do médico a fazer "queixinhas": "Olhe Dr., sinceramente nem sei porque esta grávida cá veio. Chegou a queixar-se que o bebé não mexia e só na minha presença já deu dois pontapés, dois! E o batimento cardíaco está normal!!" - E eu ao ouvir isto só me sentia triste, triste por ser tão maltratada por me preocupar com o meu filho. Apreensiva de como seria tratada quando chegasse a altura do meu filho nascer...
Entretanto, o médico chamou-me. A primeira enfermeira enfiou um rebuçado na minha boca (literalmente (?!)) e ligou-me ao aparelho de CTG. Fiz a minha tarefa, carreguei no botão quantas vezes o Diogo mexeu, por um lado triste do que estava a viver, mas por outro feliz por sentir o meu filho novamente. Após meia hora, o médico fez-me uma ecografia. Mostrou-me cada milímetro do meu filho e a brincar disse-me que a menina (o quê?! socorro!) estava em excelente forma. Mas ao ver a minha cara em estado de choque, solta uma gargalhada e diz: "Não esteja preocupada Mãe. O seu menino está óptimo!" - E indicou-me ainda que se voltasse a não sentir o bebé, nem que fosse no dia seguinte, para lá ir de novo. Que estavam lá para isso. E saí feliz, descansada, mas preocupada com o facto de poder vir a apanhar novamente aquelas arrogantes no dia do nascimento do meu filho. E não me enganei, uma delas estava lá.


Amanhã conto o resto. Boa noite a todas e obrigada pelo apoio. O intuito de estar a escrever acerca deste assunto, é uma tentativa de saber quem de vós passou pelo mesmo, o que sentiu, como reagiu. Só isso...

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Estamos a uma semana!

O Diogo faz 3 meses próxima 2ª feira. O tempo passa a correr... Não vejo a hora de me pôr boa e retomar as arrumações de modo a ver se faço alguma coisa no quarto dele e há tanta coisa por fazer! Colar a faixa autocolante na parede, colocar os candeeiros, prender o Dóssel para o berço dele, pintar as paredes (que ainda não sei como vou pintar e com o quê...)... A prenda dele já está decidida, vou fazer o seu Bilhete de Identidade! Este olho azul tem de estar registado num documento oficial o quanto antes! 3 meses se aproximam, um ano de existência na minha vida se completa. Adoro ser mãe, adoro este meu filho que mesmo ligeiramente doente só me dá é sorrisos e gargalhadas. Adoro o papá R. por ser tão babado com o filhote e por já ter mais atenção com ele (já acorda à noite quando o bebé resmunga e tudo, milagre!). Adoro o papá por já dar banho ao bebé, por já o despir para o banho e por o fazer sorrir tantas vezes! Posso ter momentos menos bons, mas a maternidade torna-os, de longe, pequeninos. Sim, estou feliz, mesmo doente e com uma infecção dentária e ainda queimada na mão e pulso direitos por ter estado a fazer caramelo! Beijos a todos e um bom início de semana!

sábado, dezembro 03, 2005

Quando penso que não posso piorar...

... eis que me aparece uma infecção dentária tão grande que me desfigurou o lado esquerdo da cara. Que bom, sinto-me bem (ironia)! Sinto que o meu agregado familiar é constítuido por um bebé, pelo belo e pela monstra...

Mas pelo menos nem tudo é mau. O Diogo sorriu hoje continuamente no banho pela primeira vez! Aqui há dias ele já tinha sorrido, mas como foi muito sumido, optei por não registar esse feito.
Um outro assunto que me está a preocupar, é o facto do meu filho andar a tossir mais do que o normal e ainda por hoje ter tido necessidade de ter de utilizar o aspirador nasal pela primeira vez. Ainda tirei uma bela ranhoca da narina esquerda dele pelo que espero bem estar enganada ao afirmar que estou a ficar com um bebé doente em casa...
Outra boa notícia é o facto de o Diogo já tentar gargalhar quando sorri! Ao observar as palhaçadas dos papás, sorri de boca aberta e solta uns "eeeeeg" (isto de tentar reproduzir em texto os sons que o meu filho faz tem muito que se lhe diga, lol) ao ponto de por vezes engolir ar e ficar com soluços!

E conforme o prometido, aqui deixo uma foto da minha primeira árvore de Natal nesta casa. Não está nada de especial, mas tendo em conta que aqui por casa não se vai receber subsídio de Natal, não dá para comprar grandes paneleirices, sem contar que o quarto do meu filho e o meu próprio filho, são prioridades inquestionáveis para mim. Não dizem que no Natal, o que interessa é a união e amor na família? Pois bem, no nosso caso vai ser mesmo isso; não vai haver mesmo prendas para ninguém. Eu, como sabem, estou desempregada e apesar do meu subsídio de maternidade apanhar a época natalícia, infelizmente não duplica como no caso dos vencimentos em geral e o pai R., apesar de estar a trabalhar, também não recebe uma vez que recebe todos os subsídios mensalmente. Resta então um postalinho com votos de um Bom Natal e um Próspero Ano Novo para cada membro da família e amigos mais próximos. E não digam que vão daqui sem nada!

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Amamentar doente...

Bem, fui ao médico e ele disse-me para continuar a amamentar sem problemas. Receitou-me o Ben-u-ron e um antibiótico chamado Amoxicilina Labesfal para tomar a caixa toda e beber muita água. Olho para o meu pequenito a mamar e fico sempre com receio que fique doente por minha causa. Espero ser um receio infundado, espero mesmo. Desde ontem que ando a evitar pegar nele sem ser para o amamentar, mas não é fácil. Nem para ele, nem para mim. Ambos estamos muito habituados ao contacto físico, aos beijinhos e carícias que trocamos, mas este "afastamento" é necessário. Ando constantemente com o termómetro auditivo em punho a tirar-lhe a temperatura e até agora não passou dos 37º. Eu estou com 37,4º. Alguma de vós já esteve doente em tempos de amamentação? O que tomaram? O bebé adoeceu? Ando deveras preocupada... não quero mesmo ter um bebé doente, ainda mais por minha causa...