Eu sei lá...

Este blog foi criado para registar, acima de tudo, o crescimento e desenvolvimento do meu filho. No entanto, muitas vezes o estado dele depende também do meu estado, daí a muitas vezes escrever a meu respeito, do que eu vivo ou sinto. E hoje, definitivamente, não me sinto bem. E sei também, que nada nem ninguém me pode ajudar, nem eu mesma consigo. Lamento desde já o desabafo, mas preciso de o fazer, sempre escrevi quando me sentia menos bem e é algo que pretendo continuar a fazer, até ao fim dos meus dias. Ajuda-me a ser uma pessoa melhor, ajuda-me a ver o que fui e o que se passou outrora. A quem segue este blog apenas para saber do meu filho, passe para o blog seguinte, que este bocadinho é meu...

Sinto-me angústiada. Sinto uma vontade enorme de chorar, mas não o consigo fazer, nem quero devido ao meu filho. Sinto-me só. Parece que todas as portas se fecharam e as janelas estão firmemente coladas, destinadas a me manterem neste estado inerte, impávido para a vida. Ao longe oiço o comboio, um autocarro a passar, automóveis que buzinam e vozes de crianças a jogar à bola no recreio da escola. Sinto as suas rotinas e bebo dessa vida alheia como se de água se tratasse num oásis no meio do deserto. No entanto, sei que se trata de uma breve miragem, e tudo o que tenho, é a minha vida retractada em areia fina, que escorre pelas minhas mãos ao sabor de uma triste brisa que sussurra no meu ouvido. Quero gritar, quero arrancar o meu coração e olhar bem para ele, este traidor que prende tanta coisa má no seu interior. Quero voltar a sentir a minha vida, e no entanto sei que nunca a senti verdadeiramente... Desejo esquecer todas as mágoas que senti e sinto, quero empacotar todas as raivas e ódios que outrora me invadiram a alma, quero simplesmente respirar! Olho para mim mesma no espelho e não sei o que vejo, deixei de me conhecer. Vejo uma alma perdida num corpo dormente que nada faz. Agarro-me a um computador, ávida de ter com quem "falar". Definitivamente, não funciono sózinha. Definitivamente, preciso de gente que me rodeie. Necessito de sentir que existe alguém que me diga "Tenho saudades tuas" ou um "Vamos tomar café?" me basta. Quero sentir que sou uma pessoa, que o sol existe e que não é apenas uma imagem de televisão. Que as pessoas existem sem ser na caixinha mágica, num computador ou em murmúrios de vozes lá fora. Não consigo dormir. O silêncio a cada dia que passa me assusta mais. Não conheço a minha voz porque agora raramente a utilizo. Sinto uma dor intensa dentro de mim, não física, não emocional. Algo mais perturbador. Sinto a minha alma a abandonar-me. Estou a tornar-me uma marioneta nas mãos da minha solidão. Quero o sol, mas só tenho vontade de abraçar o negro. Quero o brilho, mas quem me conforta é o escuro. Quero viver, mas nem isso consigo...