O que fazer, como reagir?

Na passada 2ª feira, liguei para o meu irmão, a pedido do meu pai. E sim, foi necessário o meu pai pedir-me para que ligasse porque, apesar de todas as diferenças que tenho comparando com o meu irmão, achei que não era a altura ideal para lhe ligar, e acertei. Acertei porque quando algo de muito mau me acontece, prefiro isolar-me das pessoas temporariamente. Nada do que elas me possam dizer, consegue aliviar a dor que carrego comigo e o meu irmão nisso é igual a mim. Mas mesmo assim liguei, para saber como estava. A reacção era a que eu já esperava: respondeu-me de forma seca, agressiva até. Mas não o condeno por isso. Perder um filho planeado e muito desejado deve ser horrível e por mais que tente, não consigo colocar-me na pele dele. E sabendo ele que estou grávida, uma gravidez que não foi planeada, ainda o revolta mais. Eu sei que sim. Quanto à minha cunhada, afirma o meu irmão que está bem pior que ele. Acredito. Ser a mulher a transportar essa vida, se algo corre mal parece que se assume a responsabilidade de um erro, que por vezes até é alheio a nós. Quantas de nós, já não lemos em diversos baby blogs, que as mães se culpam apenas por o leite não ser o suficiente para o respectivo filho? Quantas se culpam por terem feito algo de errado, ao ponto do filho necessitar de um complemento para ser bem alimentado? Não é portanto díficil de compreender que, por mais errado que seja, uma mãe se culpe por perder um filho, mesmo que isso não seja verdade. Mas compreendo. Ainda não falei com a minha cunhada, nunca tive uma relação muito próxima com ela, até porque somos como que azeite e vinagre, diferentes em tudo. Mas também não sei o que lhe iria dizer... que compreendo o que ela está a passar? Que o tempo tudo cura? Que ela vai engravidar novamente e tudo irá correr bem? Nada disso lhe vai tirar a dor que sente agora, muito menos sendo uma grávida de 1ª viagem como eu a dizer-lhe isso. Não sei como reagir, essa é a verdade...